"Não somos um país que abre portas para todas as pessoas", diz Helenice Moura, fundadora da Liga Digital - Sambacomm

“Não somos um país que abre portas para todas as pessoas”, diz Helenice Moura, fundadora da Liga Digital

Data: 02/12/2020 - 07h51
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Um projeto social com foco em levar educação de qualidade em e-commerce, marketing, programação e criação para os jovens de comunidades para jovens de comunidades das principais capitais do País. Esse é a Liga Digital, que formou sua primeira turma em julho deste ano com a missão de gerar oportunidades reais para adolescentes de todo o Brasil.

A ideia é abrir caminhos para esses jovens com a oferta de cursos, estágios e também plano de carreira no mercado. Helenice Moura, fundadora da Liga Digital e presidente do Comitê de Líderes de E-commerce com mais de 15 anos de experiência no mercado, conta que o projeto foi uma forma que ela e sua colega e cofundadora Edilaine Godoi encontraram para retribuir à sociedade tudo que a vida lhes proporcionou.

Em entrevista à Sambacomm, Helenice Moura, que oferece consultoria conta tudo sobre o projeto e também fala como o boom do e-commerce durante a pandemia pode influenciar o marketing nos próximos anos.

– A Liga Digital sempre foi uma ambição sua? Como o projeto nasceu?

HM: É um projeto que nasceu de um sonho que sempre tivemos. Temos uma origem muito simples e sentimos a necessidade de devolver para a vida todas as oportunidades que ela nos proporcionou. Existe um gap muito grande de de profissionais de comunicação nas nossas periferias e nas comunidades temos déficits grandes de oportunidades. Nossos jovens ainda não têm condições de ter um curso, uma formação específica.

– Como sua trajetória pessoal contribuiu para desenvolver o projeto?

HM: Trabalho com marketing digital há 15 anos e, além de muito esforço, também tive muita sorte. Lutei muito e existem pessoas tão inteligentes como eu na comunidade, mas sem a sorte de ter oportunidades que eu tive. Mas não somos  um país que abre as portas para todas as pessoas. Quando surge uma oportunidade pequena na comunidade, as pessoas brigam por ela como um tigre briga por um pedaço de carne. Estamos todos no mesmo mar, mas em barcos diferentes. Tem gente num iate e outros numa tábuazinha.

Existem exceções como eu, que conseguem quebrar essa roda, e outra parte que precisa de mais apoio. É por isso que criei a Liga Digital, para levar oportunidade a todos os jovens que sonham alto e se dedicam mas tem acessos negados.

– Qual o impacto real que vocês já viram depois da formação da primeira turma? Como vocês estão se comunicando com esses jovens?

HM: A gente se preocupou muito que o acesso fosse super facilitado para capacitar o maior numero de jovens. Ouvimos relatos tristes de muitos alunos. Mas isso motiva a gente a entregar um “salto” para eles. Muitos jovens de comunidade estudam e trabalham a noite sem condições de comprar livros, se informar por outros meios. Muitos não tem acesso a internet. Estamos preparando esse jovem para chegar no mercado de trabalho com condições de encontrar empregos melhores.

– Falando agora do seu papel no comitê de e-commerce, como vocês avaliam o crescimento das lojas online nesse ano? Expectativas para o futuro?

HM: 2020 foi um ano de muito aprendizado, muita luta. Temos, em média, 50 mil novas lojas virtuais todo o mês no Brasil. Tivemos em cinco meses o que a gente planejava ter em cinco anos. Tivemos uma entrada gigante de novos consumidores e lojistas em 2020. 64% dos consumidores que compraram online na pandemia disseram que vão continuar comprando online. É um caminho sem volta para todo varejista e quem não tava acostumado com compras online.