O que o varejo de moda brasileiro está fazendo pela sustentabilidade - Sambacomm

O que o varejo de moda brasileiro está fazendo pela sustentabilidade

Data: 11/10/2021 - 19h48
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Jeans feito com menos água, coleção de roupas com material biodegradável e redução da produção de peças. Num momento em que o consumidor parece estar mais preocupado com o impacto de suas escolhas e a moda se adapta globalmente ao e-commerce, essas são algumas das medidas anunciadas por empresas do varejo de moda brasileiro.

O mercado da moda tem recebido, principalmente na última década, duras críticas relacionadas a um modelo de produção bastante difundido entre as grandes varejistas do mercado: o fast fashion. Quanto mais rápido uma tendência de moda for disponibilizada em massa, de preferência por um preço acessível, mais vendas. Especialistas afirmam que para acompanhar esse ritmo há um desgaste ambiental significativo, e uma pesquisa do Banco Mundial apontou que cerca de 10% das emissões globais de carbono vem da indústria da moda.

O conceito de sustentabilidade se popularizou (não só na moda) ao mesmo tempo em que o termo “fast fashion” se tornou pejorativo. As empresas do mercado tem incluído em suas políticas, ações e marketing, várias ações visando reverter prejuízos a suas imagens e contribuir com ideais sustentáveis, desde a matéria prima até o pós-venda.

Indicando essa busca por um posicionamento mais sustentável, em 2018 as Lojas Renner criou o selo “Re Moda Sustentável”, que já vendeu 130 milhões de peças, e pretende lançar até o final deste ano, na cidade do Rio de Janeiro, a primeira loja Re, baseada no princípio da circularidade e do reuso. A varejista alcançou neste ano a meta de 80% de produtos menos impactantes, como peças com 100% de algodão certificado e suprir 75% do consumo de energia com fontes renováveis. Se associando a economia circular, em julho, a Renner comprou a startup Repassa, um brechó online que atua na revenda de vestuário, calçados e acessórios em todo o Brasil.

No reposicionamento anunciado este ano, a Riachuelo, do grupo Guararapes, indicou que deseja deixar de seguir tendências internacionais e está focada em entender o que a cliente brasileira realmente quer. Dentro do programa Moda que Transforma, a marca informa sobre as diversas iniciativas e ações que tem na área, como a produção de jeans gastando 90% menos água. É possível verificar que o número de releases sobre as iniciativas sustentáveis tem crescido bastante.

Reunindo jovens artistas como Agnes Nunes, Silva, Gaby Amarantos, Alice Caymmi, Duda Beat e Majur, a Hering fez, neste ano, uma releitura da campanha “Com que roupa eu vou?”, veiculada em 1997. Nas cenas, vestindo a tradicional camiseta de algodão “World”, os artistas fazem a provocação  “Com que roupa eu vou construir esse novo mundo?”. A partir da compra de cada camiseta a marca passa a compensar o dobro da emissão de CO2 e de seu ciclo de vida, visando a conservação da Amazônia, com mais de 4,4 milhões de árvores preservadas somente em 2021. A Cia Hering também divulga a Dzarm For Better, programa que dá visibilidade a todas as ações sustentáveis do grupo.

De forma geral, um ponto de carência nas ações práticas anunciadas é a melhoria das condições dos muitos trabalhadores têxteis que alimentam a incessante produção de roupas. Nos últimos dez anos inúmeras empresas, como Renner, Luigi Bertolli, Zara e Animale, foram acusadas e responsabilizadas por contratar mão de obra em condições análogas à escravidão. Atualmente muitas se comprometem em combater esse tipo de trabalho, e algumas, como Riachuelo e C&A, rescindem contratos em caso de trabalho escravo, capacitam funcionários para evitar o crime e mantém canal de denúncias para trabalhadores.