“Os Drogados”: relembre a premiada campanha do Porão de Rock
Data: 19/10/2020 - 15h22
O ano era 2001. O Porão do Rock estava consagrado como um dos maiores festivais de música do Brasil e reunia todos os anos, na capital, cerca de 30 mil pessoas. Na mesma época, a novela O Clone foi transmitida na Rede Globo e ficou conhecida por mostrar no final de cada capítulo depoimentos de dependentes químicos com técnicas de super close para enquadrar partes específicas do corpo.
Inspirado pelas cenas finais da novela, o publicitário Carlos Grillo, que na época era redator sênior da agência Mr. Brain, desenvolveu a campanha “Drogados”, veiculada pelo Porão do Rock naquele ano. Com super closes nas bocas, mãos e olhos, os anúncios brincavam com a ideia do festival ser um espaço para desintoxicar de outros vícios, como axé, funk e sertanejo.
“Antes, quando reportagens não podiam revelavar a identidade de alguma pessoa, elas usavam de técnicas de contra-luz, tarja preta. Na novela, eles inovaram com o super close-up. Resolvi então brincar com o fato da droga ser a música”, conta Grillo.
Usando um tom engraçado, em contraste com a seriedade transmitida pelo enquadramento, o primeiro vídeo veiculado na televisão ironizava o vício no axé: “Comecei na pipoca, torrei toda minha grana em micareta. Meu negócio era viajar, entende? Do nada, eu estava lá, jogando as mãozinhas para cima. Quando eu vi, eu estava no chão e não tinha ninguém para dizer ‘sai do chão’”, diz a mulher no vídeo.
Dirigida pelo cineasta brasiliense René Sampaio, responsável pelos filmes Faroeste Caboclo (2013) e Eduardo e Mônica (2020), a campanha ganhou Profissionais do ano da Rede Globo, foi destaque no Festival de Gramado e também entrou nas 50 melhores campanhas da Revista Propaganda: “Esse reconhecimento me captou para um novo nicho. A partir disso, comecei a trabalhar em grandes agências e atendi mais contas do Governo”, se lembra Grillo.
Os vídeos foram produzidos pelo diretor de arte Daniel Chuis.
(Créditos da foto: JP Rodrigues/Metrópoles)
