Anselmo Pinheiro: "Nosso mercado não pode ser marginalizado como antes" - Sambacomm

Anselmo Pinheiro: “Nosso mercado não pode ser marginalizado como antes”

Data: 13/10/2020 - 10h33
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Em entrevista à Sambacomm, o presidente do Sindicato das Agências de Propaganda do Distrito Federal (Sinapro-DF) Anselmo Pinheiro discorreu sobre as novas dinâmicas do mercado de Brasília, o papel da representatividade sindical e as mudanças de relacionamento entre agências e clientes.

Formado em Contabilidade pela Faculdade Alfa de Brasília, Anselmo é presidente do Sinapro DF e atua no mercado publicitário há mais de 15 anos, atendendo clientes do setor público, como Correios, Caixa, Governo do Distrito Federal, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Ministério da Saúde, Secom/PR e Ministério das Cidades.

O impacto da pandemia na vida das agências

Dentro do contexto de pandemia, as agências da capital, acostumadas a lidar com mais clientes do setor público, sentiram um impacto diferente, mas também precisaram se reinventar da mesma forma que as outras para sobreviver. Muitos clientes tiveram que se readequar às mudanças de rotina das agências, que começaram a mudar as formas de operação, trabalhando mais em home-office, atentas aos resultados que devem ser entregues. As agências da capital conseguiram entregar soluções rápidas e adequadas à mudança e por isso sobreviveram. Nesse ponto, por exemplo, o mercado viu que nem sempre é necessário manter um posto fixo de trabalho. A prestação de serviços em domicílio, com mais demandas do que o normal na maioria das vezes e resultados mais cobrados, foi à solução seguida por muitas agências e eu vejo que está dando certo.

O mercado de Brasília e possibilidades de crescimento

Brasília é o segundo maior mercado publicitário do País em termos de verba orçamentária mesmo estando mais restrito ao setor público. Temos uma grande oferta de clientes do Governo e outras autarquias que possuem muito dinheiro para investir em publicidade, como a Caixa Econômica, os Ministérios, a Secom e muito mais. O que muda para outros tipos de mercados, como SP e RJ, é o perfil do cliente. Na capital, enxergamos o mercado privado muito voltado ao varejo. Esses tipos de clientes também estão se reinventando e sobrevivendo e, como costumamos dizer, estão agora com “o pescoço pra fora”. E, vendo isso, as agências estão reagindo mais e conseguindo propor soluções compatíveis com o negócio.

Representatividade sindical e desafios futuros

Em Brasília, percebemos que há muitas restrições para que algumas agências participem de licitações. Nós do Sindicato estamos tentando vencer esse desafio e temos alcançado êxito. Recentemente ganhamos uma impugnação contra a Infraero e também protocolamos uma para uma licitação do BRB. Entendemos que quando se trata de dinheiro público é necessário ter mecanismos de proteção, tanto para o cliente quanto para as agências. Nosso mercado não pode ser marginalizado como foi em outras épocas e lutamos para isso.

Temos um volume grande de clientes do setor público e acompanhamos de perto todas as licitações e pregões pela responsabilidade que se deve ter com o dinheiro público. Sempre que necessário contestamos alguma contratação ou entramos com pedido de impugnação. Essa representatividade é muito importante para as agências, que sozinhas, às vezes, não têm o aparato jurídico necessário para se proteger. Buscamos aprimorar cada vez mais as nossas agências para que elas consigam ter mais possibilidades de competir no mercado brasiliense.