#CriativosBSB: "Resiliência criativa é o maior desafio" (Mateus Braga, Lew Lara) - Sambacomm

#CriativosBSB: “Resiliência criativa é o maior desafio” (Mateus Braga, Lew Lara)

Data: 11/03/2021 - 07h00
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A Sambacomm, com olhar especial para as pessoas à frente da criação de grandes ações e campanhas memoráveis, continua nesta semana a série de entrevistas com profissionais de criação de BSB, nomes que atuam nas principais agências de publicidade da cidade.

Para nossa última conversa, convidamos Mateus Braga, diretor de criação da Lew Lara com 20 anos de experiência liderando trabalhos para Fiat, Natura, Tim, Bradesco, Santander, Embratur, Petrobras e outros, em agências como Click, Garage Interactive e AG2 Publicis Modem.

Estamos presenciando cada vez mais novos tipos de relação com o consumidor. Para você, qual é hoje o perfil de profissional mais buscado para trabalhar com criação em Brasília? Quais são as habilidades mais requisitas?

Bem, não posso dizer pelo mercado todo mas o que eu normalmente procuro em profissionais, além do talento, claro, que também tenham um desejo muito grande em fazer coisas diferentes. O mercado de contas públicas se acostumou a repetir fórmulas e isso, de certa maneira, acaba enquadrando o trabalho criativo. Fazer diferente essa é a chave, na minha opinião.

O trabalho criativo em Brasília está em pé de igualdade com outros grandes polos da comunicação, como RJ e SP? Existe algum tipo de diferencial no trabalho criativo no mercado de Brasília, que é por vezes muito focado no setor público?

Eu acho que a qualidade dos profissionais é muito similar, sim. Temos profissionais que saíram de Brasília e fizeram muito sucesso em vários mercados. Não apenas no Brasil mais no mundo todo. Tem gente que está na Espanha, nos Estados Unidos, na Alemanha, na Inglaterra, na Holanda e por aí vai. O que nos difere mesmo é o tipo de cliente que atendemos em Brasília. Os clientes públicos brasileiros tem uma característica única que normalmente é muito mais complexa do que os clientes privados. Quem atende ou já atendeu clientes públicos sabe bem disso. É sem dúvida, uma boa escola para os criativos.

Na sua visão, quais são os maiores desafios ao trabalhar com criatividade na capital?

Resiliência. Nosso mercado muda muito e com uma frequência considerável. Então, quando se começa a estabelecer uma relação criativa com empresas do setor público as coisas mudam e nós precisamos começar a peregrinação toda de novo, em busca da visão criativa para os clientes. Resiliência criativa é o maior desafio.

Como avalia a abertura (ou não) da cidade para inovar no trabalho criativo?

Na minha opinião, espaço para ser criativo sempre há. Grandes clientes e grandes marcas estão aqui e eles, no final das contas, querem produzir trabalhos que sejam criativos e interessantes para as pessoas.

Na minha visão, não é um problema dos clientes mas sim dos profissionais que ficam mais confortáveis fazendo o mesmo, entregando o básico. O diferente dá trabalho para criar, para convencer, para produzir. Todo ano algum criativo incomodado emplaca algum prêmio relevante com os clientes públicos: O Banco do Brasil ganou Prêmio Abril e, mais recentemente, Profissionais do Ano da Rede Globo. A Caixa também, acho que há dois ou três anos, ganhou um Leão de Cannes com uma campanha toda criada em Brasília.

Acho que o meu maior desafio foi começar mesmo. Hoje, com as facilidades de conexão,  Whatsapp, Facebook. Clubhouse… você consegue falar com todo mundo que quiser. No início era muito difícil conseguir mostrar a pasta para alguém. Primeiro porque era um trambolho, já tentou andar de ônibus com uma pasta 46x64cm com os seus anúncios? Não é fácil mesmo. Hoje em dia é DM pra cá, Whats pra lá… Hahaha.

Brincadeiras a parte, meu maior desafio foi migrar dos cliente públicos para os clientes privados. Saí de Brasília e fui pra São Paulo atender clientes da iniciativa privada e, de uma hora para outra, a chave mudou completamente na cabeça. Cada dia atendendo esse tipo de cliente foi um aprendizado. RFP, RFI, ROI, KPIs, relacionamento com clientes, orientação por resultados, Pitchs globais, councils criativos, coisas que não eram minha realidade passaram a ser diárias. Foi quase uma pós-graduação com uma olhar diferente de como trabalhar e ser criativo.

Para você, qual é o futuro da criação? Para onde a área caminha e quais suas perspectivas para este ano?

Para esse ano, acho que o universo conspira a favor dos criativos, vejo boas oportunidades para todos, principalmente para quem tiver a cabeça pensando mais fora da caixa. Já pensando a médio/longo prazo, acho que o futuro da criação é mais integração com outras disciplinas. Criação que entenda de mídia. Criação que entenda de planejamento. Criação que entenda de tecnologia. Criação, de uma maneira mais holística, que possa ajudar todas as áreas das agências e principalmente um olhar de negócio para apoiar as marcas e negócios dos clientes.