Consciência Negra: representatividade cresce, mas marcas devem fazer mais - Sambacomm

Consciência Negra: representatividade cresce, mas marcas devem fazer mais

Data: 20/11/2020 - 12h05
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O impacto dos protestos mundiais contra a brutalidade policial e o assassinato de pessoas negras causou, ao redor do mundo, um movimento histórico de ações antirracistas conduzidas por marcas e agências. Em um ano marcado pelo debate racial, a palavra “racismo” já foi mencionada 50 milhões de vezes na internet e a cada ano que passa é mais debatida. O número de conversas sobre racismo já é 103% maior em 2020 quando comparando com 2019. Os números são do estudo Racismo e comunicação: Um panorama em dados, realizado pela Ogilvy Brasil, em conjunto com o núcleo interno Eixo Benguela.

A pesquisa analisou os conteúdos em vídeo consumidos no Youtube, Facebook e Instagram. Entre os temas relacionados a questões sociais, o racismo aparece como o segundo tópico mais relevante, atrás apenas de política e na frente de pautas como igualdade de gênero e religião. Segundo o estudo, 57% das pessoas afirmam gostar de marcas que se posicionam, mas ainda há muito a ser feito. Por exemplo, 74% das menções sobre marcas que se posicionam percebem algum oportunismo, cerca de 10% acham positivo e os demais neutro.

Apesar disso,  influenciadores negros têm menor participação em campanhas publicitárias e recebem menos por essas ações. Esses são resultados da primeira pesquisa brasileira do mercado de influência com recorte racial, a “Um retrato sobre Creators Pretos no Brasil”, apresentada na 6ª edição do YOUPIX Summit.

Empresas não podem mais negligenciar essas pautas

“Quando vimos pesquisas recentes, entendemos que cada vez menos as empresas podem negligenciar essas pautas. Não dá mais pra entender que igualdade racial ‘fica para o budget do ano que vem’”, diz Génot em uma live organizada pela empresa Suzano. “É um grande problema não só para toda a empresa, mas para toda a sociedade que não se vê espelhada ali mesmo sendo a maioria no País”, diz Genót.

De acordo com a escritora, sem esse “espelhamento” nos cargos não há pleno funcionamento da economia. “Temos diversas pesquisas que mostram que, sem igualdade racial, o Brasil não cresce. Com a recente eleição do Joe Biden e Kamala Harris isso também vira uma pauta institucional do Governo dos EUA. Espero que esse cenário externo se reflita na conjuntura interna e isso acelere nos próximos 10 anos o que a gente andaria em 50”, opina a executiva.

Metas para diversidade racial

Ainda nesta semana de Consciência Negra, empresas e marcas anunciaram mudanças e metas para promover a diversidade racial nas empresas: o Google, por exemplo, vai doar R$  2,5 milhões para organizações no Brasil que desenvolvem programas de igualdade racial.

Lisiane Lemos, advogada e gerente de Novos Negócios no Google, diz em entrevista ao jornal O Globo, que a ideia não é sobre disputar lugares e sim criar mais espaços dentro das empresas: “As empresas precisam se aliar a organizações que trabalham com diversidade e inclusão. O grande desafio é que elas têm que se esforçar nas alianças, contratar consultoria. Se você não tem expertise para buscar mulheres, negros, pessoas com deficiência, pessoas LGBT, você vai ter que buscar alguém que faça essa ponte, que faça rastreamento de currículo”.

Em publicação no Linkedin, a gerente do Google disse: “Não quero estar sozinha. No último levantamento que o instituto Ethos realizou sobre líderes no mundo corporativo, inferiu se que somente 0.6% das vagas gerenciais são ocupadas por pessoas pretas como eu”.

(Com informações da Exame.com)