“Não vejo Brasília competindo com outros mercados”: Carlos Grillo - Sambacomm

 “Não vejo Brasília competindo com outros mercados”: Carlos Grillo

Data: 19/10/2020 - 12h39
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Início dos anos 2000. Para criar um anúncio, um diretor de arte levava de 15 a 20 dias em média. Ele tinha que tirar a foto, revelar, fazer fotolito, editar, aprovar e muito mais. De lá, pra cá, muita coisa mudou e a experiência de quem passou por essa época e consegue juntar todos os anos de aprendizagem para readaptar aos dias atuais tem um valor quase inestimável. O publicitário Carlos Grillo, sócio da agência Fermento, sabe bem.

São 25 anos de trajetória na área e anos de trabalho nas agências que fizeram história no Brasil, como a DPZ, DM9DDB e Mr. Brain. Grillo aprendeu com grandes figuras da publicidade brasileira, como Carlos Domingos e José Zaragoza, e hoje está à frente da agência Fermento.

Em entrevista à Sambacomm, Grillo relembra pontos marcantes da sua trajetória profissional e opina sobre os rumos do campo publicitário em Brasília.

– Como foi trabalhar para as agências mais populares de SP lá pelos anos 2000?

Depois de três anos como diretor de criação em Brasília, acabei recebendo uma proposta para “retroceder”. Mandei meu portfólio para uma vaga de estágio na agência DM9DDB em São Paulo. Por incrível que pareça, minha pasta for escolhido mesmo sendo de Brasília. Fui, larguei tudo pra ganhar o salário de um estagiário, mas foi o maior aprendizado da minha vida.

Em 2000, o Carlos Domingos me indicou para a DPZ. E, de repente, me vi na agência que literalmente criou a publicidade no Brasília no final dos anos 90, com comerciais de Hollywood, Carlton. Ele veio de uma escola muito exigente e aprendi muito com ele.

– O que mais você aprendeu nessa época?

Tiveram várias experiências que me marcaram, tanto do ponto de vista do relacionamento com as pessoas, como de trabalho. Lá, eu aprendi a trabalhar. Aqui a gente tem um ritmo e uma forma de trabalho completamente diferente do paulistano, ligada à grande competição de metrópole. Foi um aprendizado muito importante pra mim.

– Você sente falta desse processo criativo? Acha que perdemos alguma coisa?

Você fazia um anúncio em 15 dias. Hoje você faz 15 anúncios em uma hora. Acho que hoje pode ter pedido um pouco do brilho, da magia da profissão, mas por outro lado a tecnologia traz tantas referências que é impossível não falar de como isso favorece o processo criativo.

– Como foi a volta para Brasília?

Depois da DPZ, voltei para Brasília para cuidar da família. Passei quase seis meses sem trabalhar e voltei para a Mr. Brain – agência da qual eu tinha saído para ir para SP. Estava no auge da minha criatividade, petulância e arrogância (risos). Então consegui alavancar. Criei campanhas que me marcaram muito.

– Quais são as campanhas de Brasília que mais te marcaram nessa época?

Criei uma campanha para o porão do rock, “Os Drogados”, que foi um divisor de água na minha carreira e ficou entre as 50 melhores campanha do Brasil, concorri e ganhei o Profissionais do Ano da Rede Globo e festival de Gramado. Isso me captou para um novo nicho, comecei a ir para grandes agencias e atender grandes contas do Governo.

Em 2003, comecei a me desencantar por publicidade e me encantar por endomarketing, Promo, ativação de marca. Saí de uma sociedade de produtora, comecei a escrever projetos com a marca Fermento. Comecei a trabalhar para Promo com clientes como Brasil Telecom, CAIXA, SEBRAE e Brasal Refrigerantes (Coca-Cola).

– Quais são suas as perspectivas daqui pra frente? Como vê o mercado de Brasília em relação ao Brasil?

Pela minha experiência, não existe mais mercado privado em Brasília. A tendência é ficar concentrado em Rio-SP, porque Brasília ainda não tem muita solidez e as grandes holdings já não estão aqui.

Hoje, a nossa aposta está no desenvolvimento de projetos proprietários. Pegamos toda nossa experiência e minha vivência em 25 anos de mercado, entendendo as necessidades dos clientes, e estamos criando produtos e plataformas para soluções integradas.