Menines, eu vivi – 05 – Bernardo Vilhena, Zeca Barroso, Alvinho Gabriel, Adeir Rampazzo

Data: 25 de janeiro de 2023 - 10:42
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Pequenas grandes histórias da publicidade carioca.

Por Toninho Lima

1983 / PROVAREJO e MPM

Pelo número de menções no título acima, nota-se a importância deste ano. Em geral, foi um ano nada fácil. Perdemos a cantora Clara Nunes e o craque que deu muitas alegrias ao meu glorioso Botafogo, Mané Garrincha. Por uma questão de honra, para não abusar da boa vontade de Rodrigo Sá Menezes, aceitei uma proposta da recém-inaugurada agência da Mesbla: a Provarejo.

Meu diretor de criação era o genial Bernardo Vilhena, que eu já conhecia e admirava por seu trabalho criativo na Salles já algum tempo. Mas também por ele ser compositor, letrista, de algumas das músicas mais conhecidas do Lobão e, naquela época, do Ritchie, um cantor inglês que emplacou o sucesso Menina Veneno nas paradas musicais. Letra do Bernardo.

Ritchie on Twitter: "Serve esta capa do compacto simples original de 1983?  #cordecarne https://t.co/KfmjP7AQ7e" / Twitter

A verdade é que lá eu fiquei apenas pelos três meses de experiência. O suficiente para fazer amizades com uma galera bem legal, especialmente o meu parceiro de criação Zeca Barroso, filho do famoso Clício Barroso (que já citei anteriormente). Excelente diretor de arte como o pai, tinha um jeito calmo e a fala arrastada bem carioca, sempre comentando trabalhos com um “bacana”.

Mal venci os tais três meses de experiência a sorte me sorriu; fui chamado para conversar com o Alvinho Gabriel, o poderoso diretor de criação da maior agência de publicidade da América Latina: a MPM. Lá pude conhecer a nata da criação carioca daqueles tempos: Liber Matteucci e seu parceiro João Galhardo, Ernani Gouveia (o Naninho), Ronaldo Conde (que me indicara para o Alvinho), e mais um bando de Criativos incríveis.

Foi um auge naqueles tempos para o redator que agora iniciava a sua maturação profissional. A agência ocupava um casarão da Rua Dona Mariana que ia de um lado ao outro do quarteirão em Botafogo, fazendo fundos com a Rua Sorocaba. A gente brincava que as pessoas iam fazer uma entrega e se perdiam por lá, por isso acabavam sendo contratadas.

Era uma verdadeira cidade ancorada no meio de Botafogo e a efervescência era tanta que parecia que os corredores eram avenidas, por onde trafegavam os maiores criativos do mercado na época, posso garantir. Trabalhava-se muito, ganhava-se bastante bem e ainda havia uma boa troca com os colegas de outras unidades, em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Lembro que sempre ouvi contar que o Luiz Fernando Veríssimo tinha sido redator na unidade gaúcha. Que luxo!

Com o Adeir Rampazzo, minha dupla de criação, amadureci muito o meu estilo criativo, já que ele vinha de São Paulo e tinha um padrão bem alto de qualidade, de onde tirei o máximo proveito enquanto estivemos juntos. Uma de suas manias era inventar personagens exóticos para as nossas campanhas, além de me fazer interpretá-los. Assim, me tornei um redator e um modelo de algumas campanhas bem engraçadas que a gente criava.

Destaco uma que fizemos para o pré-lançamento, ainda para lojistas, do CasaShopping, de que fui modelo; também o anúncio para a Souza Cruz, em que quebramos um tabu amassando todas as embalagens; e ainda um anúncio para a Ipiranga, em que o meu colega Liber Matteucci foi o modelo. Morri de ciúmes.

Outros colegas de destaque na MPM: Hayle Gadelha, Paulo de Tarso, Alcides Fidalgo, Eduardo Correa, Armando Kuwer, Valéria Chaves, Renata Giese, Fernando Girardó, e Wilsinho Nóbrega.