Menines, eu vivi – 08 – Adilson Xavier, Cristina Amorim, Paulo Giovanni, Maurício Nogueira

Data: 25 de abril de 2023 - 18:00
estrela

Pequenas Grandes Histórias da Publicidade Carioca.

por Toninho Lima

1997 / Giovanni

Se o Bill Clinton, depois do flagra escandaloso, pode voltar a ser presidente dos EUA, porque eu não poderia assumir meu fracasso como empresário (minha empresa durou pouco mais de um ano e se chamava Comunicação Máxima) e retornar ao mercado publicitário como eu que sempre fui e sempre serei? Foi assim que o Redator Toninho Lima adentrou a Giovanni naquela tarde de 1997, disposto a iniciar uma volta triunfal.

Assim foi. Enquanto o MST tomava as ruas de Brasília com mais de 40 mil pessoas contra o governo Fernando Henrique Cardoso, eu também invadia o salão de criação da Giovanni no belo edifício Argentina, na praia de Botafogo. Logo de cara percebi que não seria nada fácil brilhar ali, entre tantas estrelas. Estava cercado pela nata da criação carioca da época.

Uma rápida espiada no salão era suficiente para ser tomado por um tremor nas pernas: Cláudio Gatão, André Lima, Rogério Martins, Renato Jardim, Alexandre Motta, Fernando Campos, Carlos André Eyer e Rynaldo Gondim, só para citar alguns. Tive a honra de poder escolher com quem faria dupla e, rápido, chamei a minha ex-colega de Artplan, Isabella Torquato.

O mundo inteiro havia parado naquele triste dia de setembro para se despedir da Princesa Diana, cujo funeral foi assistido por cerca de 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo. Mas eu estava excitado e feliz com aquele retorno ao ofício amado e junto a uma equipe de altíssimo nível em uma agência onde acredito que obtive a minha melhor performance criativa de toda a minha trajetória. Até porque a concorrência, ali naquele salão, era altamente estimulante. Minha mulher dizia que eu saía de casa, todas as manhãs, como um garoto indo para a escola, ansioso e animado.

Assim, enquanto o Titanic afundava nas telas do cinema de todo o mundo, eu emergia a todo vapor na minha atividade original. Foram inesquecíveis anos, numa gostosa algazarra criativa, onde a autonomia e a liberdade das duplas de criação chegavam a limites quase irresponsáveis, liderados com firmeza a delicadeza pelo Adilson Xavier e pela Cristina Amorim.

Nem preciso explicar que a delicadeza, no caso, tem referência ao Adilson. Cristininha, como nós a chamávamos, comandava mais de perto o dia a dia da criação, com muita energia e entusiasmo e criava, também, junto com o Adilson algumas campanhas memoráveis. Ou seja, a altura do sarrafo criativo da agência começava naquela dupla de Diretores de Criação.

Foi na Giovanni que Isabella e eu criamos, para Ceras Johnson, uma série de comerciais que viraram clássicos, com uma velhinha simpática que chutava o balde para vender um produto de limpeza para pisos que dispensava dissolver em água. Nos divertimos muito e a Dona Ermelinda acabou consagrada, com direito a entrevista no Jô Soares e a sua imagem na embalagem do produto (Até já contei esse “Causo” por aqui).

Outros personagens importantes nessa passagem pela Giovanni e vida afora: o redator Daniel Brito, que logo no início do seu estágio na agência, rebatizei de Japa, a querida Delfina Dornas, que tocava com simpatia e charme o escritório de Brasília, o Eduardo Sawen, nosso gerente do tráfego, que fazia vista grossa quando eu “roubava” os melhores jobs, o Juarez Precioso (diretor e sócio da produtora Cara de Cão), o Orley Gonçalves, o Passarinho (produtor e sócio do Estúdio Nova Onda),os queridos clientes George Braille e Barbara Miranda, de Ceras Johnson, que tanto ousaram apostando em ideias fora do comum.