Pequenas Grandes Histórias Da Publicidade Carioca.
por Toninho Lima
2010 / Artplan
Comecei o ano vendo a Dilma vencer as eleições e levar a Presidência da República com seu jeito de gerentona. Quem estava gerenciando muito mal a própria vida era eu: Morador da Barra da Tijuca, ir todos os dias para Botafogo, tentando acertar os horários da agência com os horários do ônibus do condomínio, não era tarefa das mais viáveis.
Para piorar, os taxistas da torre do Rio Sul, onde funcionava a NBS, recusavam acintosamente os meus vouchers porque a corrida até a Barra da Tijuca não valia a pena. Na maioria das vezes, eu podia avistar o ônibus do condomínio passar, pela janela da sala do André Lima, que me chamava para uma prosinha rápida em cima da hora do tão esperado busão. Foi isso, acima de tudo, que me fez aceitar o convite do Roberto Vilhena para ir formar uma dupla com o querido Jorge Gomes, na Artplan (Opa! Olha ela aí de novo!), que nesta época já estava instalada na Barra da Tijuca.
O bairro estava em plena expansão, e a paisagem era salpicada de novos empreendimentos subindo suas torres aqui e ali. Havia uma vaga no grupo dedicado exatamente aos lançamentos imobiliários, com clientes do porte da Carvalho Hosken, Cyrela, Living e outros que estavam levantando condomínios Barra da Tijuca afora, inclusive modificando o mapa, estendendo os limites do bairro até localidades antes consideradas parte de Jacarepaguá. Entrei na agência como Supervisor de Criação do grupo, junto com o Jorge Gomes.
Para começo de conversa, melhorou muito a minha qualidade de vida. Trabalhando perto de casa, como sempre foi meu destino na Artplan. Nos anos 90, na Lagoa. Agora, na Barra da Tijuca. Como havia bastante trabalho no grupo, a gente criava campanhas, também, para algumas marcas de varejo, entre elas a Leader e a Amoedo. Era um ambiente bastante animado, com vários grupos de trabalho, além de um trio de diretores de criação, que se espremiam conosco naquele salão apertado no anexo do BarraShopping.
Logo nos mudaríamos para um espaço bem maior, mas antes disso ainda passei por mais uma mudança de função: assumi a Supervisão de Criação para o cliente Estácio. Foi nessa condição que cheguei ao novo endereço da Artplan, no espaçoso escritório (que agora sedia o Grupo Dreamers) do CasaShopping. Éramos agora um grupo mais numeroso com criativos de peso, com o Ricardinho Weitsman, a Alessandra Sadock e o Gustavo Tirre comandando a criação junto com Roberto Vilhena, agora vice-presidente. Na equipe, só tinha gente boa como o David Tabalipa, Sérgio Carvalho, Moacyr Marques, Ana Petrúcio, Carolina Lobianco, Rodrigo Gal, Vitor Borges, Roberto Sá, Rafael Sathler, Rodrigo Lopes, Marina Rodrigues, Jorge Falsfein, Betoca Jencarelli e o apoio luxuoso de uma galerinha da pesada. Haviam ainda as feras do atendimento: Guilherme Juliani, Ricardo Lopes, Ana Paula Sanchez, Cris Autran Miranda, Flávia Bittencourt, Roberta Loyola, Bruno Leitão, Patrícia Bahia, Cristiane Oliveira, Mauro Lopes, André Melo e outros profissionais de peso do mercado carioca.
Foi aí que aconteceu: em 2011, no retorno triunfal do Rock in Rio, depois de 10 anos, inaugurando a nova Cidade do Rock, a Betoca, que cuidava da criação para o festival, sofreu um acidente justo na semana dos preparativos. Calhou de eu ser a única pessoa em quem tanto ela como o Roberto Medina confiariam para dar seguimento aos trabalhos de campo, nos bastidores da Cidade do Rock, durante todo o evento. Foi uma das experiências mais fascinantes que já vivi na vida profissional.
Praticamente morei dentro do Rock in Rio durante uma semana, noite e dia, madrugadas adentro. Durante o festival, a gente rodava por todos os ambientes, com uma equipe de filmagem captando imagens para a divulgação do festival nas suas versões em Lisboa e em Madrid. Às vezes eu me sentava ao lado do Roberto Medina e ele me pedia ideias para vídeos diversos para veicular na TV Globo. Muitos desses vídeos foram editados lá mesmo, num dos containers que serviam de escritórios, para ir direto ao ar, na mesma noite. Era uma maratona.
E foi uma escola. A Artplan já era comandada pelo Rodolfo Medina, com as colaborações do Lionel Chulam, do Rubem Medina e do inesquecível Franzé. O Rock in Rio estava levando a sua estrutura operacional para um outro endereço, também na Barra, e esta foi a minha última interação com o Roberto Medina na agência. Como sempre, marcante. Nessa segunda passagem pela Artplan, pude participar da criação de trabalhos marcantes para diversos clientes, dos quais me orgulho bastante. Como a campanha para a rede de academias Body Tech e a divertida campanha que fizemos para a Estácio em 2016.